23 de jul. de 2012

DEUS, NOS LIVRE DA INCREDULIDADE .
Nada é mais complexo que a incredulidade; ela possui mais fases que a lua e mais nuanças que o camaleão. Segundo uma crença popular, o diabo se mostraria às vezes de uma forma e ora de outra. O que é falso quanto a Satanás em pessoa, é perfeitamente verdadeiro quanto à incredulidade, esta filha primogênita de Satanás. Pode-se dizer dela, com toda a verdade, que seu nome é legião, porque suas formas são várias. Ora a incredulidade me aparece disfarçada em anjo de luz; ela se cobre com o nome de humildade e fala algo parecido com estes termos: "Deus me guarde da presunção ! Deus me guarde de afirmar que o Senhor me perdoa; eu sou um pecador grande demais para ousar contar com sua graça". Outras vezes, a incredulidade coloca em questão a fidelidade de Deus: "É verdade que o Senhor me ama, se diz; mas quem pode dizer se ele não vai me rejeitar em seguida ? É verdade que ontem ele me socorreu e me ponho ainda sob a sombra de suas asas; mas quem pode dizer se ele amanhã não me abandonará ? Quem pode dizer se ele sempre se lembrará de sua aliança e não esquecerá sua compaixão ?" Outras vezes ainda, a incredulidade inspira dúvidas sobre o poder de Deus. Alguém encontra em seu caminho novos entraves, ou é enlaçado por uma rede de dificuldades e pensa em seu coração: "Certamente o Senhor não saberia nos livrar". Então tenta por si mesmo se desembaraçar de seu fardo, e por que não consegue, imagina que o braço de Deus é tão curto quanto o nosso, e que sua força tão fraca como a força humana. Mas, se essas diversas formas de incredulidade são perigosas no mais alto grau, porque elas retêm as almas longe de Jesus e levam-nas a duvidar de seu poder ou de seu amor, o que dizer daquela incredulidade terrível, confessada, mais revoltante, que, orgulhosamente e em suas cores verdadeiras, blasfema contra Deus e nega atrevidamente sua existência? O deismo, o ceticismo e o ateísmo, tais são os frutos maduros e envenenados da árvore da dúvida; essas são as mais terríveis erupções do vulcão da incredulidade. Sim, pode-se dizer verdadeiramente que ela atingiu sua perfeita estatura, que ela encontrou seu apogeu, esta incredulidade que, tirando toda a máscara e deixando de lado todo o disfarce, percorre insolentemente a terra dando seu grito de revolta: "Não há Deus !" E que levantando o braço contra Jeová, tenta abalar o trono da divindade, e em sua inconcebível loucura, parece não aspirar nada mais que se fazer Deus. Entretanto, meus amigos, notem bem que a incredulidade se manifesta sob formas mais ou menos grosseiras, mais ou menos atenuadas, mas sua natureza permanece a mesma; a seiva é a mesma, ainda que os ramos sejam infinitamente variados

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